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Continua...

A história ainda não acabou

​

   Maldição. Egoísmo. Vingança. Morte. Essas quatro palavras resumem a história que vou lhes contar… O meu nome? Me conheça apenas como Morte.
   Eu tinha três amigas, cujos nomes não devem ser revelados.  Acredite é para o seu bem. Então, vamos chamá-las de Maldição, Egoísmo e Vingança.
   Maldição era a filha do Barão, morava em uma linda e enorme casa com uma bela varanda em seu quarto dando acesso a um bosque. Eu, junto com Vingança e Egoísmo, íamos sempre tomar chá da tarde em sua companhia e passear pela fazenda.
   Em uma dessas tardes, Maldição contou-nos ter ouvido ruídos estranhos vindo do bosque, estando até mesmo em seu quarto. Vingança e Egoísmo ficaram intrigadas assim como eu. Nossa querida amiga, Maldição, percebendo nossa curiosidade, propôs que passássemos uma noite em sua casa. Aceitamos, sem saber o que estava por vir.
   A esperada noite chegou, estávamos no quarto da filha do Barão indo dormir quando ouvi alguns ruídos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

    Minhas amigas disseram que era coisa da minha imaginação porque eu estava muito impressionada com o que Maldição havia contado. Com o chegar da madrugada, acordei assustada. A filha do Barão havia sumido. Acordei Egoísmo e Vingança, quando vi a porta do quarto que dava acesso para a varanda aberta, e fomos procurá-la. 
   Confesso que estávamos com muito medo, principalmente Vingança, ela estava relutante, e só depois de muito insistirmos, a convencemos de ir conosco. A lua já estava em seu ponto mais alto, parecíamos estar perdidas naquele bosque, nossas lamparinas estavam quase se apagando e não havia sinal de Maldição. De repente vimos um vulto na escuridão. Era nossa amiga, a filha do Barão, mas algo havia acontecido, ela estava pálida e com o olhar aterrorizado.
   Maldição contou-nos ter visto O Habitante, um espírito que a chamava todas as noites a fim de que se juntasse a ele. No começo não acreditamos, pensamos que ela estava louca, delirando, então a levamos de volta para o quarto. Ela dizia, repetidamente até adormecer, que deveríamos sair daquela casa o quanto antes e buscar ajuda ou todas sofreriam uma terrível consequência.
   Não levamos a sério o que ela disse e fomos dormir. Meu sono teria sido tranquilo, como todos os outros, se não fosse interrompido por vozes. Olhei para o lado e vi Egoísmo falando com uma sombra, com medo fingi estar dormindo e pude escutar a conversa:


   Egoísmo: Oh! Meu Deus! O que é você?
   O Habitante: Eu sou a alma que habita este terreno. Sou o dono de tudo!
   Egoísmo: Então é verdade... você existe! Veio me matar?
   O Habitante: Não. Você se parece comigo. – Nesse momento, pude ouvir sua risada perturbadora.   

   Egoísmo: Claro que não! Eu estou viva e você é um espírito das trevas!
  O Habitante: Posso ser um espírito das trevas, mas nossa essência é a mesma. Somos ruins por dentro e faríamos de tudo para conseguir o que queremos... Não importa os meios. Eu posso sentir que você deseja ter esta casa, não é verdade? 
   Egoísmo: Não sei do que você está falando!
   O Habitante: Sabe sim, você é como eu, egoísta, pensa apenas em si. Você quer esta casa e eu posso lhe dar o que quer. Mas você precisa fazer algo para mim.                                                                                  Egoísmo: O que você quer em troca? Minha alma? 
   O Habitante: Não, a sua não. Eu quero uma alma alegre, pura e linda. Quero a alma da sua amiga, quero a alma da filha do Barão.
   Egoísmo: Como assim? Por que a dela?
   O Habitante: Eu a quero por toda eternidade e para isso você irá matá-la. Quando Maldição estiver morta, você fará exatamente o que eu mandar a fim de aprisioná-la aqui para sempre.
   Egoísmo: E então terei a casa? 
   O Habitante: Será toda sua, eu garanto! 
   Egoísmo: Diga-me quando e como matá-la.
   O Habitante: Espere o momento certo, na noite em que a lua tem o seu ápice e brilha como nunca. Depois de matá-la você irá dizer essas palavras:
“Per tenebras, et luna, ut animam suam in hoc loco aprisiono in aeternum”. É latim e significa: “Pela lua e pelas trevas, eu aprisiono sua alma neste lugar por toda a eternidade”.


   Não pude acreditar no que tinha ouvido. Egoísta mataria uma de nós para conseguir o que queria, e pior condenaria nossa amiga a viver presa ao lado desse monstro para sempre! 
   Pela manhã, falei sobre a conversa para Vingança, mas ela não acreditou, disse que era apenas um pesadelo por conta do ocorrido na madrugada. Mas não era, eu tinha certeza que não era e devia salvar minha amiga, era meu dever salvar Egoísmo de si mesma. 
    No decorrer das semanas, acompanhei cada passo das meninas, de cada uma delas. Se O Habitante entrou em contato com Egoísmo poderia se comunicar também com Vingança ou até mesmo convencer Maldição a se matar.
   Tudo parecia normal, tomávamos chá da tarde e ainda íamos ao bosque. A filha do Barão não se sentia muito confortável em ir, mas aceitava quando Egoísmo a convencia que o ocorrido não passava de um pesadelo. Vingança também tinha um pé atrás com essa ideia, mas também não tinha coragem suficiente para ficar sozinha na varanda... não depois de eu ter contado que vi o Habitante fazer contato com nossa amiga. Apesar de Vingança dizer não acreditar ser possível, ela achava melhor nos acompanhar.
   As coisas pareciam calmas, estava calmo e eu quase me convencia das teorias de Egoísmo quando ela propôs fazermos companhia à Maldição nos próximos dias enquanto seu pai viajava. Nós aceitamos, estávamos felizes e despreocupadas.  Mal sabíamos que este foi o nosso grande erro.
   Na noite em que seu pai viajou, ele estava relutante. No entanto, Maldição o convenceu que tudo ficaria bem, afinal estaria com os empregados. Enquanto nos recolhíamos, Egoísmo disse que estava se sentindo mal. Perguntamos se era melhor chamar um médico e, indo para a varanda, disse que não seria necessário porque ficaria bem se tomasse um pouco de ar.
    Resolvi ir atrás dela para certificar-me que ficaria disposta e fiquei surpresa. Ela não estava se sentindo mal, só foi uma desculpa para poder conversar com O Habitante. Rapidamente me escondi para poder ouvir a conversa. 


   O Habitante: Deve ser esta noite. Leve sua amiga até o meio do bosque e a mate com uma espada que estará lá, esperando por você, acerte o coração para que não haja erros. 


   Não ouvi o resto, voltei correndo para o quarto, tinha que proteger Maldição. Resolvi pedir a ajuda de Vingança, mas quando fui contar-lhe sobre o plano do Habitante, Egoísmo chegou. 
 

    Egoísmo: Oh! Minha nossa! Ainda vejo tudo girando.
    Maldição: Você tem certeza que não quer um médico? Posso pedir para um dos empregados chamá-lo.
    Egoísmo: Não querida, muito obrigada. Você é sempre tão boa comigo, sempre tão atenciosa. 
    Maldição: Só quero ajudar, vocês são como irmãs para mim. Tem algo que posso fazer para você se sentir melhor? 
    Egoísmo: Não sei, talvez... Ah, não! Você não vai querer. 
    Maldição: O quê? Pode pedir.
    Egoísmo: Eu queria andar um pouco no bosque. Talvez lá eu me sinta melhor, aqui está muito abafado. 
    Maldição: O bosque? Mas já está tarde!
    Egoísmo: Você ainda tem medo. Vou entender se não quiser ir, posso ir sozinha. Só achei que teríamos uma noite de amigas juntas. 
    Maldição: Tudo bem eu vou com você. 


  Nesse momento não resisti, tive que intervir:
   
NÃO! – Eu gritei – Quero dizer, você não precisa ir se não quiser, Maldição, eu vou com Egoísmo até o bosque, também estou precisando caminhar um pouco.


   Egoísmo: Bobagem, ela quer ir. Não quer, querida? Além do mais ela conhece muito melhor o bosque do que você.
    Maldição: Por que não vamos juntas, nós três?
    Vingança: Mas e eu? Irei ficar aqui sozinha? 
    Maldição: Venha conosco então.
  Vingança: Não, estou com sono e já passou da hora de deitar. Moças como nós não deveriam estar acordadas até essa hora e muito menos andando por aí.
   Maldição: Está bem senhorita. Uma de nós fica com você. Morte, você se importa de ficar? Egoísmo faz questão de minha companhia e não quero decepcioná-la. 


    Tentando mudar o pensamento de minha amiga:

    Mas… – depois de um longo suspiro, indaguei – tudo bem, eu fico com Vingança.
   As horas estavam passando e meu tempo se esgotando. A lua estava brilhante como nunca, logo estaria em seu ponto mais alto e Maldição estaria morta. Eu não tinha escolha. Precisava ir atrás delas. Levantei sem pensar duas vezes e ao sair na direção do bosque, ouvi a voz de Vingança me chamando:
    Vingança: Morte, aonde vai? Já está de madrugada, volte para a cama. 
   

   Suspirei tentando manter o foco e disse: 

  –Não posso. Não percebeu? Maldição e Egoísmo ainda não voltaram. E se eu não tentar impedir agora, depois será tarde demais.
   

   Vingança: É verdade elas não estão aqui. Mas do que diabos você está falando? Impedir o quê? Você está ficando louca?


    Disse desesperadamente:

    Impedir Egoísmo de matar Maldição. 


    Vingança: Você só pode estar completamente louca. De onde tirou essa bobagem? 
   

    Apenas respondi:

    –Não é bobagem, eu ouvi ela falando com o Habitante. Você pode decidir não acreditar em mim e ficar aí com suas mesmices enquanto nossa amiga corre perigo, mas eu não vou permitir que ela seja assassinada, nem que deixem sua alma presa aqui pela eternidade. 


   Vingança: Tudo bem. Eu não sei de onde tirou essa coisas, mas se você me explicar tudo vou com você, até porque deve ser mais seguro ficarmos juntas do que sozinha em um quarto escuro. Vamos pegar as lamparinas e você me conta tudo.


   Acenei a cabeça com pressa e mandei que as pegasse e disse: 

    Ande, não temos muito tempo.


    No caminho contei tudo para Vingança, contei sobre o plano do Habitante, da sua paixão por Maldição e o que Egoísmo ganharia com isso. Eu já estava perdendo as esperanças quando avistei Maldição parada olhando a lua. 

 

 

 

 

 

 

 


    Exclamei:

    Minha nossa! Graças a Deus! Você está bem! Está viva!


    Maldição: O que houve? Por que todo esse desespero? Fique calma. 
 

    Sem ao menos explicar, só disse:

     Vamos. Vamos embora enquanto há tempo. 
    Tentei puxá-la, mas ela se manteve quase imóvel.


   Maldição: Ei, cuidado! Você vai me machucar desse jeito. Não podemos ir, Egoísmo pediu para esperá-la aqui, disse que viu uma coisa e que já voltava. Não podemos deixá-la. 
    Vingança: É melhor escutar o que a Morte está falando, vamos sair logo daqui.
    Maldição: Não! Não enquanto não me explicarem o que está acontecendo. 

 

    Expliquei em resumidas palavras:

  Egoísmo entrou em contato com o espírito que mora aqui, ele quer sua alma, Maldição. Para isso convenceu Egoísmo a te matar e, em troca, ela ficará com a casa da sua família.


   Maldição: Impossível, ela não me machucaria. Além do mais, ela mesma disse que espíritos não existem.


   Nessa hora ouvi uma risada ameaçadora. Era Egoísmo, e atrás dela havia uma sombra, provavelmente era O Habitante. Ela surgiu da escuridão segurando uma espada em suas mãos.


    Egoísmo: Doce Maldição, sempre tão meiga, tão alegre, tão simpática, tão doce e tão inocente. Você devia ter acreditado nelas, e ter fugido enquanto havia tempo.
    Maldição: O quê? Por quê? Éramos amigas! 
    Egoísmo: Ainda somos, mas entre ter uma amiga filha do Barão e ser dona da casa do Barão, eu prefiro a casa. Espero que isso não afete nossa amizade querida. Ah! Aliás você não vai se importar em ficar presa pela eternidade com o meu novo amigo, O Habitante, não é mesmo? Porque sua alma será entregue a ele como forma de pagamento pelas terras.


  Nessa hora, a única coisa que pensei foi em salvar todas, até Egoísmo. Mandei que Vingança tira-se Maldição de lá e fui para cima de Egoísmo, derrubei sua espada e começamos a brigar.
    Gritei o mais forte possível:

    Pare com isso, não seja tola. Acha mesmo que pode negociar com um espírito das trevas?

 
    Egoísmo: Você que esta sendo tola de se intrometer, e vai pagar por isso! 

 

    Eu tinha que salvar todas nós, eu tinha! Não acreditada que era realmente ela:

    Não! Pare com isso! Essa não é você. Eu sei que não é.


    Egoísmo: Coitadinha... você está enganada, eu sou assim, sempre fui. Vocês que eram muito cegas para ver. Você não devia ter entrado no meu caminho, agora vou ter menos duas amigas vivas. 


   Ela estava pronta para me matar quando Vingança e Maldição apareceram e golpearam sua cabeça com um pedaço de madeira. Ficamos ali, paradas, sem saber o que fazer. Vingança pensou que havia matado Egoísmo, estávamos decididas a deixar o corpo ali e irmos para casa. No entanto, não foi o que aconteceu. 
   Egoísmo levantou-se e, com olhar de raiva, veio em nossa direção. Começamos a correr sem parar. Depois de algum tempo, pensamos que a tínhamos despistado, mas ela nos alcançou e estava pronta para nos matar.   

   Nesse momento, algo inesperado aconteceu, pela primeira vez ele se manifestou, O Habitante. 
   Sua face estava destruída, suas roupas indicavam que não era deste século. Ele era uma criatura assombrosa, medonha. E estava ao lado de Egoísmo. O Habitante olhou para o céu e pela sua cara tudo indicava que estava na hora do assassinato de Maldição.
   Eu não podia deixar que isso acontecesse, então coloquei Maldição entre mim e Vingança. Egoísmo veio para cima de nós, pronta para nos matar, mas O Habitante interviu. Ele veio e parou bem na minha frente.

 

    O Habitante: Você não devia ter se intrometido menina. 


    Sem hesitar, falei friamente:

    Não tenho medo de você. 
 

    O Habitante: Deveria, sabe por quê? Porque eu já matei outras pessoas, antes mesmo de morrer. Meus pais queriam vender esta terra, mas ela era minha por direito, sempre foi. Em uma das discussões, minha esposa interviu a favor de meus pais. Então no meio da briga eu a matei com um golpe de espada no peito. E sabe o que mais aterrorizou meus pais? É que eu gostei de matar, gostei tanto que quase os matei. Só não fiz isso porque eles chamaram os vizinhos e tive que fugir. Sai correndo e no meio da estrada algo bateu no meu cavalo e eu morri, mas jurei voltar e exterminar quem ousasse entrar em minha propriedade. 
 

    Não vou negar, tive medo do que aquela criatura asquerosa falou, mas me mantive forte e retruquei: 
    
Não importa quantas pessoas você já matou, não deixarei você matar minha amiga.


   O Habitante riu e em um milésimo de segundo já estava com as mãos em meu pescoço. Comecei a perder o ar e a noção do que estava acontecendo. Eu sentia que estava morrendo, mas resisti tempo suficiente para ver Egoísmo fincando uma espada no peito de Maldição e recitando as palavras que o Habitante havia mandado. Vingança gritava aos prantos ao ver a amiga morta. Ela me olhava enquanto dava meus últimos suspiros. Seus olhos eram puro desespero. 
   Vingança veio em minha direção. Eu já estava muito fraca e não conseguia enxergar direito. O espírito do Habitante tomou seu corpo, e assim ela foi na direção de Egoísmo. Com um sorriso no rosto, Vingança a matou. Pensei que ela ia parar, ingenuidade minha. 
   Com o espírito ainda em seu corpo, Vingança veio em minha direção e, com a mesma espada que Maldição foi morta, Vingança me acertou. Eu já não tinha mais forças para gritar, apenas senti o gosto do sangue subindo em minha garganta. As últimas palavras que ouvi antes de dar adeus a este mundo foram de Vingança:
   
Ele tinha razão. Matar é prazeroso, matar realmente é viciante.


   Ele conseguiu. Acabou com as nossas vidas, Maldição está morta e presa a ele para sempre. Egoísmo morreu sem conseguir o que queria. Vingança não tem mais medo, porque agora é ela quem dá medo. E eu? Eu estou morta. Não pude salvar ninguém. Talvez seja por isso que ainda estou aqui.

                     

​

    Imagino que você queira saber o que aconteceu antes de tudo isso e por isso vou lhe contar:


   O Habitante era um rapaz muito bonito, ambicioso e egoísta, mas seu nome nem sempre foi “O Habitante”, ele se chamava Ethan. Sua família, que fora muito rica, estava à beira da falência. Eles já haviam vendido alguns bens e a venda da casa era inevitável, mas o jovem rapaz não aceitava.

  Seus pais, sabendo que ele nunca concordaria, encontraram um comprador em segredo. Uma noite chegando em casa, Ethan viu o documento referente à venda da casa e percebeu que sua família estava arrumando as malas. Furioso ele começou a discutir com os pais. Nesse momento, sua esposa apareceu para tentar amenizar a discussão. O nome dela era Lena.
    Ethan estava transtornado. No meio da briga, pegou uma espada e foi em direção ao seu pai... Lena entrou na frente e, foi morta. 


    Ethan: O que eu fiz? O que eu fiz?
   Pai dele: Você matou sua esposa! Como teve coragem?
   Ethan: Foi culpa sua! A espada deveria acertar você. É tudo culpa sua. Foi você que começou isso ao querer vender a casa 
   Pai dele: Não! A culpa é sua. Você a matou. Você é um assassino e vai passar o resto dos dias sozinho.


    Completamente perturbado, Ethan foi para cima de seu pai, a fim de confrontá-lo e quem sabe até matá-lo. No entanto, em uma tentativa de defesa, seu pai aproveitando estar perto da lareira, pegou um pedaço de madeira em chamas e jogou em sua face. 
   Ethan gritava de dor. Sua mãe – em completo desespero – corria para pegar água e cessar com o fogo em seu rosto. O pai estava em estado de choque. Os vizinhos ouvindo os gritos, foram ver o que havia acontecido.
Com medo de ser preso pela morte da esposa e por vergonha do rosto desfigurado, saiu galopando em seu cavalo. No meio da estrada, algo colidiu com ele... era difícil ver por causa da chuva. Ele estava morto. Mas por ter tanto rancor e ódio, sua alma ficou presa neste mundo e, principalmente, ao terreno de sua família.
 

  O ódio o consumiu e todos que moram naquelas terras sofrem mortes trágicas ou, quando sobrevivem enlouquecem, viram psicopatas como o que aconteceu comigo e minhas amigas. Vingança enlouqueceu, Egoísmo morreu, eu morri.

   Mas com Maldição foi diferente. Ele não a queria morta por raiva, ódio ou por querer expulsá-la de suas terras... ele a matou porque a queria, porque ela se parecia com sua esposa, Lena. 

 


  Agora você deve estar se perguntando: Se eu morri como estou contando essa história? Pois bem eu explico:

    Sim, eu morri. Mas, esta história ainda não acabou. A alma de Maldição não foi a única a ficar presa neste mundo. Depois daquela noite trágica, a minha também foi condenada a ficar aqui para sempre. Dizem que quando você não faz tudo o que deveria fazer aqui na Terra, sua alma volta até você concluir sua missão. Minha missão era salvar minhas amigas, e eu não consegui. Infelizmente cheguei tarde demais.
   Agora eu estou de volta. E dessa vez me chamo Katy e tenho três amigas: Anny, Kemily e Sophia. Nós quatro estudamos juntas. Pensei que dessa vez eu iria cumprir a minha missão, mas eu já devia saber que essa história estava longe do fim.

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